Catequese do Papa 8 – Eu creio na Igreja
No Credo, depois de ter professado a fé no Espírito Santo, dizemos: “Creio na Igreja”. Existe uma ligação profunda entre estas duas realidades de fé: é o Espírito Santo, de fato, quem dá vida à Igreja, guia os seus passos. Sem a presença e a ação incessante do Espírito Santo, a Igreja não poderia viver e realizar a missão que Jesus ressuscitado lhe confiou, de ir e fazer discípulos todas as nações.
Evangelizar é a missão da Igreja e não apenas de alguns, mas a minha, a sua, a nossa missão. O apóstolo Paulo exclamou: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho” (1 Cor 9,16). Todos devem ser evangelizadores, especialmente com a vida!
Para evangelizar, então, é necessário se abrir ao horizonte do Espírito de Deus, sem medo do que ele vai nos pedir ou onde nos levará. Confiemo-nos a Ele! Ele nos fará capazes de viver e testemunhar a nossa fé e iluminará o coração daqueles com quem nos encontrarmos.
Aqui está um primeiro efeito importante da ação do Espírito Santo que guia e inspira o anúncio do Evangelho: a unidade, a comunhão. A linguagem do Espírito, a linguagem do Evangelho é a linguagem da comunhão, que convida a superar bloqueios e indiferenças, divisões e conflitos.
Todos nós devemos nos perguntar: como me deixo ser guiado pelo Espírito Santo a fim de que a minha vida e meu testemunho de fé sejam de unidade e comunhão? Levo a mensagem de reconciliação e de amor, que é o Evangelho nos lugares onde moro? Às vezes parece que hoje se repete o que aconteceu em Babel: divisões, incapacidade de compreender o outro, rivalidade, inveja, egoísmo. O que eu faço com a minha vida? Promovo a unidade próximo a mim? Ou divido com conversa fiada, críticas, inveja? O que eu faço? Pense nisso. Levar o Evangelho é proclamar e vivermos nós primeiro: a reconciliação, o perdão, a paz, a unidade e o amor que o Espírito Santo nos dá. Lembremo-nos das palavras de Jesus: “Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:34-35).
Um segundo efeito do Espírito Santo é a coragem para anunciar a novidade do Evangelho de Jesus a todos, com a autoconfiança, em alta voz, em todo tempo e lugar. E isso acontece ainda hoje para a Igreja e cada um de nós, pelo fogo de Pentecostes, pela ação do Espírito Santo, se desenvolvem sempre novas iniciativas de missão, novas maneiras de proclamar a mensagem de salvação, uma nova coragem para evangelizar.
Não nos fechemos nunca a esta ação! Vivamos com humildade e coragem o Evangelho! Testemunhemos a novidade, a esperança, a alegria que o Senhor traz para a vida. Porque evangelizar, proclamar Jesus, nos traz alegria, enquanto o egoísmo nos traz amargura, tristeza, nos deixa para baixo, evangelizar nos eleva.
Menciono apenas um terceiro efeito, que é particularmente importante: uma nova evangelização, uma Igreja que evangeliza deve sempre começar pela oração, de pedir, como os Apóstolos no Cenáculo, o fogo do Espírito Santo. Só o relacionamento fiel e intenso com Deus permite que saiamos de nosso fechamento e anunciemos o Evangelho com autoconfiança. Sem oração nossas ações tornam-se vazias e nosso anúncio não tem alma, não é animado pelo Espírito.
Queridos irmãos, renovemos a cada dia a confiança na ação do Espírito Santo, confiança de que Ele age em nós, Ele está dentro de nós, que nos dá o fervor apostólico, a paz, a alegria. Deixemo-nos guiar por Ele, sejamos homens e mulheres de oração, que testemunham o Evangelho com coragem, tornando-se instrumentos de unidade e de comunhão com Deus.
Parte da Catequese do Papa Francisco – 22/05/2013