Semana Santa
Por Padre Antonio José de Moraes
Com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa. É santa porque nela celebramos os acontecimentos santificantes da nossa vida, os fatos fundantes da nossa fé, esperança e amor fraternal. Em procissão com os ramos abençoados, à semelhança dos contemporâneos históricos, entramos com Jesus em Jerusalém, aclamando-o como nosso Cristo, Rei e Senhor. Também, celebramos a Paixão do Senhor, a sua livre entrega ao padecimento crucial em nosso lugar, assumindo para si as penas devidas pelas nossas infidelidades e pecados. Assim, acompanhamos os Apóstolos e discípulos na via dolorosa, amedrontados e covardemente traindo-o e negando conhece-lo. Na proclamação do relato da Paixão do Senhor, coloquemo-nos no lugar dos personagens presentes, identificando-nos nas várias circunstâncias da nossa vida cotidiana.
Para nossa felicidade e esperança, o Amor de Deus por nós, ao doar-nos em sacrifício imaculado o seu Filho Jesus humanizado, é sem limites, pois não está fundado em nenhum merecimento de nossa parte, mas na suprema gratuidade do seu Amor. É esse Amor doação de si sem limites que vivemos nas celebrações de Quinta, Sexta e Sábado Santos.
A Quinta-Feira santa nos insere em duas celebrações. Pela manhã, normalmente nas catedrais diocesanas, é celebrada a Liturgia do Santo Crisma, conhecida também como a Bênção dos Santos Óleos, que serão usados para as unções do Batismo, Crisma, Unção dos enfermos e Ordem. À tarde, inicia-se o Tríduo Pascal. As comunidades paroquiais celebram os Sacramentos da Última Ceia: o Novo Mandamento, expresso pelo lava-pés, a Eucaristia e o Sacerdócio Ministerial.
Na Sexta-Feira santa, a Igreja não celebra a Eucaristia. Ela permanece em jejum. Comemora-se a morte de Cristo por uma Celebração da Palavra de Deus, constando de leituras bíblicas, de Preces solenes, adoração da Cruz e Comunhão sacramental. A devoção popular estende esta celebração com a veneração da imagem e da procissão do Senhor morto, depositando-a em lugar apropriado para a vigília silenciosa e orante.
No Sábado Santo, com início no final das celebrações da Sexta, a Igreja celebra a sepultura do Senhor. Todos são convidados a permanecer com Maria junto ao sepulcro, meditando a Paixão e Morte do Senhor. É o dia do grande silêncio interior, venerando o repouso do grande guerreiro, após a vitória definitiva sobre o inimigo maior, a morte para Deus, aguardando o seu despertar, a sua ressurreição.
Sábado à noite é a celebração da Vigília Pascal. Ela é a matriz de todas as celebrações e a fonte de toda a vida sacramental. Trata-se da festa da vida nova do Cristo e dos cristãos. Toda a rica simbologia da celebração revela a vida que brota da morte. É a luz que vence as trevas; é a proclamação da grande história da vida, desde as origens do mundo até a ressurreição de Cristo. É a vitória da vida sobre a morte em Cristo, que se atualiza hoje nos cristãos, através da iniciação cristã sacramental: batismo, crisma e eucaristia.
O ponto alto da celebração é a Eucaristia, ação de graças por excelência, celebração da nova Páscoa de Cristo participada pela Igreja. A vida que nasce no Batismo e é animada pelo Espírito (Crisma), alimenta-se na mesa do Cordeiro Pascal. Os cristãos dão testemunho da Morte e Ressurreição do Senhor Jesus e comprometem-se a viver com Cristo, por Cristo e em Cristo. Assim, inaugura-se um novo céu e uma nova terra. Desta plenitude da vida brota o grito de júbilo – aleluia – pascal, tão forte e incontido que ressoará durante 50 dias, Pentecoste. FELIZ PÁSCOA!