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nossa-senhora-do-brasilNo Brasil a primeira igreja matriz de Nossa Senhora do Brasil está no bairro da Urca no Rio de Janeiro, na paróquia de mesma titularidade. Esta imagem da mãe de Jesus foi entronizada no local no mesmo dia da fundação da cidade do Rio de Janeiro, onde, em 1565, Estácio de Sá fundou um arraial entre os morros Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Foi só no inicio do século XX, na década dos anos 20, que esta região tornou-se no aprazível bairro da Urca, para o qual as autoridades eclesiásticas recomendaram a criação de uma paróquia. Esta recomendação coincidiu com o inicio da devoção em nosso pais da Nossa Senhora do Brasil, que era muito conhecida na Europa (Madonna Del Brasile) mas não em terras brasileiras.Já no século dezessete, sabia-se da existência de uma milagrosa imagem denominada Nossa Senhora dos Divinos Corações, que, por volta de 1710, era venerada pelos indígenas nas missões católicas em Recife-PE. Esta imagem foi entronizada em 1725 na igreja Nossa Senhora da Penha de França, também em Recife, pertencente à Ordem dos Frades Capuchinhos.A escultura de 1,5 m, talhada em madeira, era considerada muito original porque a Virgem apresentava traços indígenas e o menino parecia um mestiço. Ambos exibiam os seus corações, feitos em ouro e cercados por raios luminosos, como símbolo de amor. Para vários críticos de arte, o estilo da imagem indicava que ela havia sido esculpida no Brasil, por artistas nativos que criaram um padrão diferente do europeu, talvez por inspiração do Padre José de Anchieta.

Entre os missionários capuchinhos havia um frade napolitano, Frei Joaquim d`Afragola, que dedicava especial devoção à Nossa Senhora dos Divinos Corações. Em 1828, ele e seus companheiros foram ameaçados de repatriação por grupos de nacionalistas brasileiros que, depois da independência do Brasil em 1822, não queriam estrangeiros no país. Frei Joaquim d`Afragola e seus companheiros decidiram proteger a imagem por eles venerada e a enviaram, secretamente, com todos os seus adornos, para Nápoles, onde havia um grande convento, pertencente à Ordem dos Capuchinhos, no qual estava a Igreja de Santo Efrém, o Novo. A imagem foi entronizada em 1829.

Em Nápoles, as manifestações sobrenaturais da prodigiosa imagem de Nossa Senhora dos Divinos Corações tiveram seu início logo após sua entrada naquele porto italiano. O atendimento às preces diárias dos napolitanos que freqüentavam a Igreja de Santo Efrém, o Novo, levou-os a dirigir orações, render ações de graça e dedicar cada vez mais, especial devoção à virgem originária do Brasil. Os títulos de Madona del Brasile e Virgem Mãe de Deus Brasileira afirmaram-se em Nápoles como reconhecimento aos muitos milagres atribuídos à santa que procedia do Brasil.

No dia 21 para 22 de fevereiro de 1840, um violento incêndio na Igreja de Santo Efrém, o Novo, destruiu a maior parte da igreja, inclusive o riquíssimo altar onde estava a imagem Madonna Del Brasile. No entanto, a imagem, com seu leve vestido branco e seu manto azul todo bordado em relevo, escapou ilesa do violento fogo que deixou apenas algumas marcas chamuscadas no rosto do Santo Menino enquanto destroçava tudo à sua volta.

O prodígio espalhou-se pela cidade. Foi providenciada a imediata reconstrução da igreja, e durante todo o período das obras, a imagem continuou a ser visitada por milhares de peregrinos. Devido ao prodigioso salvamento do terrível incêndio e também como resultado da divulgação dos inúmeros outros milagres da Madonna Del Brasile, o Cabido do Vaticano recomendou a coroação de Nossa Senhora do Brasil, que ocorreu em meio a grandes festividades. Assim, a imagem passou oficialmente a ser conhecida na Europa com o titulo de NOSSA SENHORA DO BRASIL.

Em 1867, devido à transformação em cárcere do convento onde ficava a igreja de Santo Efrém, o Novo, a imagem foi conduzida para a igreja de Santo Efrém, o Velho, onde até hoje é devotamente cultuada pelos napolitanos.

 

A notícia chega ao Brasil

Foi por acaso que o bispo brasileiro, Dom Frederico Benicio de Souza Costa, descobriu, em 1923, a existência da imagem de Nossa Senhora do Brasil, no convento de Santo Efrém em Nápoles. A surpresa para o senhor bispo foi grande, e ele logo se empenhou a conseguir a transladação para o Brasil da milagrosa imagem que aqui fora esculpida e aqui fora muito reverenciada pelo povo, embora sob outra denominação. Várias campanhas foram feitas, pelos meios diplomáticos e jornalísticos, mas nada foi conseguido nesse sentido.

O conhecimento da existência da imagem, a força e variedade de seus milagres e o prestígio de sua coroação, com o reconhecimento do Vaticano, propiciaram a idéia de que fosse construída uma igreja Matriz em sua honra no Rio de Janeiro. Foi decidido pelo cardeal Dom Joaquim Arcoverde que esta igreja ficaria no recém criado bairro da Urca.

No dia primeiro de janeiro de 1930, no terreno recebido pela igreja católica como doação, foi colocada a pedra fundamental da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Brasil, a primeira no país a reverenciar a Virgem Mãe de Deus brasileira. A sua construção foi concluída em 17 de setembro de 1933 e em 8 de setembro de 1934 foi criada a paróquia de Nossa Senhora do Brasil.

 

As 3 imagens de Nossa Senhora do Brasil

No altar-mor- A primitiva imagem da Madonna del Brasile, que está na Igreja de Santo Efrém, o Velho, é uma “imagem de roca”, como são chamados os santos feitos de madeira e recobertos com vestes de tecido. Tanto o seu vestido branco, como o longo manto azul, que desce de sua cabeça, são ricamente ornados com preciosos bordados, bem como a vestimenta do Menino Jesus, completados pelas jóias que simbolizam seus corações expostos. A imagem que está no nicho do altar-mor, na Urca, modelada com traços de extrema delicadeza, e rica em detalhes de ornamento, reproduz com fidelidade, a não ser quanto às fisionomias de Maria e de Jesus, o aspecto da santa que está em Nápoles. Trazendo no braço esquerdo o menino Jesus, a Madonna estende a mão direita na direção de quem a contempla, gesto que é acompanhado pela ternura de seu olhar. Esta imagem foi doada à igreja no momento de sua inauguração.

N a cripta – a nova imagem de nossa senhora do Brasil, que está na entrada da cripta, representa uma outra concepção iconográfica dada a essa invocação da Virgem Maria. Da antiga “imagem de roca” enviada para Nápoles pelos frades capuchinhos, conservou a posição: em pé, sustentando no braço esquerdo, o menino Jesus e tendo a mão direita estendida para a humanidade. Além da exuberância das curvas em movimento e da roupagem vistosa do estilo barroco, que a tornam bem diferente da primitiva imagem há , para definir a nacionalidade, a brasileirice de seus traços fisionômicos, o mapa do Brasil que recobre o globo terrestre onde se apóia, e as características étnicas formadoras do povo brasileiro, evidenciadas nos anjos que a cercam. Esta nova imagem foi encomendada pelo Pároco, Cônego Antônio José de Moraes, em 1997, para marcar a presença da padroeira na cripta, que havia sido restabelecida como capela.

Uma outra imagem de Nossa Senhora do Brasil, totalmente branca, do lado de fora da igreja, preside a decoração da torre.