1º Encontro – Os pressupostos da fé cristã
1º Encontro – Os pressupostos da fé cristã
Muitas pessoas foram batizadas, mas encontram-se hoje fora da vivência cristã. Mas ao serem questionadas, dizem que creem em Deus.
Dizer “eu creio” é dar uma resposta de fé a Deus que se revelou ao homem na história. É, então, essencial termos uma noção clara do que é a fé.
O Catecismo da Igreja Católica divide o capítulo da fé em três partes, focalizando a relação do homem com Deus.
- O homem é capaz de Deus
- Deus vem ao encontro do homem
- O homem responde através da fé
- O homem é capaz de Deus
O homem tem necessidade de Deus e tem capacidade para buscá-lo: o homem é capaz de Deus.
A moderna antropologia comprova que o homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso, porque em todos os tempos e lugares houve sempre uma busca de Deus. O homem sempre encontrou formas de louvor e culto a Deus ou aos deuses.
A observação da natureza levou os homens a descobrirem a fantástica ordem do universo, funcionando perfeitamente. Tudo tão perfeito só poderia ser ação de um ser inteligente, sumamente poderoso.
Assim, considerando as realizações e descobertas da ciência, a Igreja ensina que Deus pode ser conhecido, com certeza, pela luz natural da razão humana, partindo das coisas criadas.
Como nosso conhecimento é limitado, para conhecer a Deus a sua revelação é sempre insubstituível.
- Deus vem ao encontro do homem
A iniciativa de se revelar ao homem é sempre de Deus, isto é, Deus vem ao encontro do homem, através da história da salvação, através de Jesus e através da Igreja e sua Tradição.
Na história da salvação
- Criação
Toda a obra da criação é uma manifestação de Deus, especialmente a criação do homem e da mulher feitos à sua imagem e semelhança. Todavia, a postura humana de querer ser igual a Deus e não apenas parecido, gerou o pecado, que é a ruptura da aliança original.
- Aliança com Noé
O pecado levou à decadência total da humanidade, suscitando em Deus o “arrependimento” diante da criação. Mas, a figura de Noé, homem bom e temente a Deus, possibilita uma nova aliança: trata-se de um pacto após o dilúvio. Deus quer salvar a sua obra.
- Aliança com Abraão
Com o passar do tempo os homens se dispersaram e para congregar a humanidade dispersa, Deus elegeu Abraão para ser o pai de um novo povo. Esta iniciativa de Deus deu origem a um novo pacto e iniciou a história do povo eleito, do qual haveria de nascer um Salvador.
- Aliança com Moisés
Para libertar o povo do Egito, Deus elegeu Moisés e agiu através dele. Fez uma nova aliança, agora escrita nas Tábuas da Lei. São os Dez Mandamentos.
- A ação dos profetas
O homem sempre caía na idolatria e se afastava do Deus verdadeiro. Os profetas vêm, um após o outro, ao longo dos séculos, para recordar os mandamentos e reacender a esperança na vinda do Salvador.
Na pessoa de Jesus Cristo
- Na plenitude dos tempos, Deus enviou o próprio Filho, que se encarnou e viveu entre os homens com muitos prodígios e com uma nova mensagem: foi condenado, crucificado e ressuscitou. Ele está vivo e continua agindo na Igreja e nos sacramentos.
- Ele prometeu o Espírito Santo, que seria enviado por Deus para permanecer com os apóstolos até o fim dos séculos. A vinda do Espírito Santo opera uma transformação profunda nos apóstolos, que se tornam pregadores e testemunhas de Cristo ressuscitado.
Na ação da Igreja
- Os apóstolos fundam comunidades, que permanecem reunidas em torno do Papa, sucessor de Pedro, e formam a Igreja Universal.
Deus se revela constantemente por meio da Igreja e o Espírito Santo continua agindo através dela, inspirando os sucessores dos apóstolos.
- A revelação de Deus está presente em três modos de transmissão:
- Oral – foi a pregação “daquilo que Jesus fez e disse” feita pelos apóstolos e pelas primeiras comunidades.
- Escrita – foi a colocação por escrito da pregação oral, formando os textos do Novo Testamento
- Viva – é o ensinamento feito pelo Magistério da Igreja, quando se pronuncia nos concílios e em documentos oficiais
- Esse conjunto de ensinamentos, que foi confiado à Igreja é chamado de Depósito da Fé. Dentro dele também encontramos os dogmas e o senso sobrenatural da fé.
- Dogmas – são uma orientação clara da Igreja sobre pontos fundamentais da fé cristã. São poucos e foram proclamados pela Igreja seguindo a crença e a fé do povo de Deus.
- Senso sobrenatural da fé – está presente em todos os batizados, pois receberam a unção do Espírito Santo, que instrui e conduz à verdade da fé. O dom da fé precisa ser cultivado por um constante estudo e aprofundamento.
- O homem responde através da fé
A fé é então uma resposta do homem à proposta de Deus.
A Bíblia nos apresenta homens e mulheres como modelos de fé, que aceitaram o chamado de Deus e confiaram em suas promessas: Abraão, o pai da fé; Maria, a mãe do Salvador.
Ao longo da história foram milhares de homens e mulheres, na maioria desconhecidos, que foram testemunhas da fé. Mas nem todos.
Aí vem a pergunta: Por que alguns são testemunhas da fé e outros não?
1º – Porque a fé é uma graça, é um dom gratuito de Deus, dado aos homens sem mérito próprio, que em determinado momento da história do homem ele se desenvolve.
2º – A fé é também um ato humano, dependendo do esforço do homem. Porque crer é uma atitude responsável, que inclui:
- um ato de inteligência – só se crê naquilo que a razão aceita e pode explicar para os outros.
- um ato de vontade – só se crê quando se tem vontade, ninguém pode ser obrigado a ter fé.
- um ato de liberdade – só se crê naquilo que se quer, ninguém pode ser forçado a crer, já que implica em responsabilidade.
Para responder em grupo:
- O que significa dizer “eu creio”?
- Como é que se comprova a busca de Deus?
- Como é que se comprova que a iniciativa partiu de Deus?
- O que significa dizer que a tradição da Igreja continua viva?
- Tente enumerar dez pessoas que vivem a sua fé.